sexta-feira, 17 de agosto de 2007

" quero cantar ao mundo inteiro..."

To tensa, mas não posso desistir, acho que ele ficaria puto. Durante todo o dia em pensei em desistir, mas fui firme. Chegamos em casa, tomamos banho, comemos e saímos. Fomos andando até a casa de um amigo para encontrar a nossa carona. Tivemos que voltar em casa, pra pegar meu óculos, afinal de nada ia adiantar ir pro jogo sem enxergar. Chegamos, meu pânico se inicia na porta, parece que naquele momento tudo pode acontecer. E pode mesmo. Tive a impressão que a cada dez minutos chegava um trêm e a cada dez minutos passava por nós algo que se assemelhava a um arrastão. Medo. Hora de entrar. Ele me abraçou e entramos assim, amassadinhos. Chegamos na arquibancada. Outra jornada, chegar até o local onde ficamos já que já está lotado, parecia não chegar nunca, espreme daqui, aperta dali... ainda parece longe... finalmente chegamos. Minutos depois começou o jogo. Energia forte. A torcida não para de cantar. O time não corresponde muito bem, o que já era esperado. Um sufoco. Toca pra cá. Toca pra lá. O goleiro resolve fazer uma graça e quase toma um gol. Que medo. O desespero nos olhos de quem vive aquilo e por aquilo. Quando eu menos esperava... GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!! Putz finalmente. Por um minuto em pé na arquibandada achei que estava no Peru em meio ao terremoto, tudo tremia. Olhei em volta, um casal se beija, um rapaz faz o sinal da cruz como quem agradece a Deus por um milagre e uma velha supreendentemente grita: EI YANG VAI TOMAR NO CÚ! Foi divertido. Aliás os dedos médios são levantados a todo tempo, se o time adversário ataca ou se um atacante perde um gol. O Juiz é sempre um filho da puta e isso independe da profissão do mãe dele. Duas expulsões, agora são 9 jogadores em campo e um juiz ladrão. Tensão total, a todo momento se pergunta quanto falta pra acabar, já que mas um gol seria pouco provável. Acabou. O goleiro, herói sai de maca. EEEEEEEEEEEEEEEHHHHHHHHH!!!!!! Hora sair. Mais medo. Todo mundo apertadinho de novo. Acho que é nesse momento que todo flamenguista é um pouco gay, já que é impossível se livrar do "roça-roça" de quem está atrás. No meio do vuco-vuco chega a rampa e foi lá que eu senti pela primeira vez na vida o gosto arranhado na garganta do gás lacrimogênio. Confusão. Conseguimos sair...finalmente. Andando na rua só me senti segura em casa. Foi difícil. Devido ao meu coração cruzmaltino, não pulei, não cantei, não vibrei, apenas assisti uma partida de futebol diante de uma multidão que me deixou maravilhada. Gente que vem de longe, que dá duro, mas que busca naquele lugar, naquele santuário um motivo pra sorrir. Acredito toda aquela multidão única derrubaria um governo e elegeria outro. Vi um time tecnicamente precário, mas empurrado por milhares de corações emocionados. Foi um dos mais belos espetáculos que já vi na vida.